terça-feira, 17 de julho de 2012

"Quem se lembrará de Anna Wintour na história da moda?"


O estilista tunisiano Azzedine Alaïa quebra a pose de grandes nomes da moda como a temida editora da Vogue americana e Karl Lagerfeld

Parece que os designers mais tradicionais do mundo não estão satisfeitos com os rumos que a indústria da moda vem tomando. Depois de Giorgio Armani ter esbravejado sua insatisfação  com “a moda feita pelos bancos” e a coleção masculina da Prada, chegou a vez de Azzedine Alaïa dar suas alfinetadas longe dos tecidos.
Em entrevista à Virgine Magazine, o estilista tunisiano disfarçou as críticas nada delicadas a Anna Wintour e Karl Lagerfeld com a simpatia que lhe é peculiar, na proporção de uma gargalhada para cada frase ácida disparada.

O genial e ácido Azzedine Alaïa
O genial e ácido Azzedine Alaïa
- Sobre Karl Lagerfeld e seu posto à frente da Chanel: “Felizmente as mulheres adoram as minhas roupas e a mim, ao contrario de Karl, que nunca foi amado como eu! (risos) (...)  Não gosto da moda dele, de sua personalidade e nem de sua atitude. É tudo muito caricato. Karl Lagerfeld nunca tocou em um par de tesouras na vida. Isso não significa que ele não seja ótimo, mas ele é parte de outro sistema. Um dia ele fotografa, no outro faz comerciais para a Coca-Cola. Já eu preferiria morrer a ver o meu rosto em um anúncio de carro (Karl fez uma campanha para a Volkswagen). Nós não fazemos o  mesmo tipo de trabalho”.
- Ao ser questionado sobre problemas com Anna Wintour: “Ela dirige muito bem os negócios (a Vogue), mas não a parte de moda. Quando vejo como ela se veste, não acredito em seu gosto nem por um segundo. Não tenho problemas em falar isso! Ela não abre espaço para o meu trabalho faz anos, mesmo eu sendo um Best seller nos EUA e tendo um espaço de 140 m² na Barneys. As mullheres americanas me amam, eu não preciso do apoio dela. Anna Wintour não lida com as fotos; ela só cuida do PR e dos negócios, e assusta todo mundo. Mas quando me vê, é ela quem se assusta! (risos) Existem outras pessoas que pensam como eu, mas não falam por medo de não terem espaço na Vogue. De qualquer modo, quem se lembrará de Anna Wintour na história da moda? (...) A Vogue se mantém enquanto seus editores passam.
- Alaïa, que começou a carreira na maison Dior, também não resistiu em dar sua opinião sobre a reviravolta na vida de John Galliano. “Como eu disse várias vezes, o mundo da moda, seu sistema, pode ser muito perturbador. O sistema impôs a Galliano, e a outros, que fizesse (por ano) quatro coleções para sua marca, quatro coleções para a maison, quatro masculinas e quatro femininas. Isso não é a essência da moda. Como é possível ser criativo sob essas circunstâncias? Para os jovens designers é muito difícil e, os mais maduros, bebem mais, usam mais drogas... O que estou querendo dizer é que o sistema não está certo. Precisamos ver o trabalho de um novo jeito”.

 JORNAL DO BRASIL
 Com Pedro Willmersdorf
  
Abaixo algumas criações de Azzedine.











 


Nenhum comentário:

Postar um comentário